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18 outubro 2012
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Análise de dependência de fatores na avaliação de projetos de investimento

Quantas vezes se perguntou a si próprio sobre que variáveis são realmente críticas para a lucratividade da sua empresa? Serão as unidades vendidas, o mix de produtos, os preços, a estrutura de custos ou o crescimento? São todas elas, é certo, mas algumas têm um impacto grande, que coloca tudo em causa, enquanto outras toleram desvios maiores sem afetar significativamente os resultados.

Para saber com rigor qual o grau de importância de cada uma das variáveis de um modelo de negócio, usamos uma técnica de análise de dependência de fatores, que incluímos na nova folha de cálculo. Veja como funciona.

Um projeto cujo Valor Atualizado Líquido (VAL) é nulo põe em causa a sua viabilidade

Dadas as variáveis que compõem um projeto ou empresa, assumimos como critério principal da sua avaliação o VAL. Se o VAL for positivo, em princípio, este critério de avaliação é favorável e, na pior das hipóteses, o projeto gera fluxos de caixa suficientes para pagar o capital nele investido acrescido de algum retorno aos seus investidores.

Mas se o VAL não é positivo, a viabilidade do projeto está em causa e teremos de aceitar que existem alternativas de investimento com retornos superiores.

A técnica de análise de dependência de fatores consiste em simular o valor de cada uma das variáveis, uma a uma, de modo a que o valor atualizado líquido seja nulo. O mais interessante desta técnica é que permite partir de um cenário base viável (com VAL positivo) e analisar qual o grau de variação necessário para cada uma das variáveis para que o projeto se torne inviável. Como se de um teste à resistência de cada uma das variáveis se tratasse.

Vejamos um exemplo que ajuda a compreender melhor como tudo funciona

Suponhamos que a nossa empresa produz e vende sapatos. Está a avaliar um projeto em que espera vender no primeiro ano 100.000 unidades e espera, à medida que vai fidelizando os seus clientes, ver as suas vendas crescerem à taxa anual de 5%. Estima que o preço de venda por unidade seja de €50, o custo das mercadorias vendidas de €25 por unidade, custo de distribuição de €10 por unidade e o custo de publicidade de €5 por unidade.

pressup

Os pressupostos quanto ao investimento inicial, custos fixos, custos de financiamento, taxas de inflação e de imposto e indicadores de eficiência são os seguintes:

pressup2

A partir destes pressupostos, a empresa tem um projeto viável: O VAL é de 6,7 Milhões de euros, a Taxa Interna de Rentabilidade é de 31% e o Payback é um pouco inferior a 3 anos:

result1

Até aqui, tudo bem. Mas, até que ponto estamos confortáveis com estes pressupostos?

Nesta fase começam as perguntas. O projeto parece sólido, promissor. Parece quase certo. Mas, como de costume, alguém começa a desafiar os pressupostos, perguntando coisas como: "E se as vendas não crescerem a 5%?" ou "Não acredito que esse preço de venda seja competitivo.", entre várias outras. Os investidores têm o direito de questionar e os gestores o dever de responder fundamentadamente.

Para dar resposta a estas e outras perguntas, podemos testar cada um dos pressupostos da procura (deixemos de lado outros indicadores, por simplificação), levando-os ao ponto de stress, ou seja, ao ponto de tornar o projeto inviável. Correndo a análise de dependência de fatores (na folha de cálculo que disponibilizamos existe uma macro que faz todo este trabalho por nós), vamos isolar o efeito individual de cada pressuposto no VAL deste projeto.

Obteríamos os seguintes resultados:

fatores

Como vemos, basta que o preço de venda seja 3% inferior ao esperado para destruir por completo a viabilidade deste projeto! Interessante...

Outras variáveis são menos sensíveis. É o caso da taxa de crescimento anual das vendas. Mesmo que o crescimento seja zero, o projeto continua a ser viável. Pouco neste projeto depende do crescimento futuro. O ponto de stress para cada uma destas variáveis é o seguinte:

stress

A análise destes valores permite definir a zona de conforto quanto aos pressupostos do modelo. Permite também aferir quanto à tomada de decisões sobre o preço, custos de produção, políticas de desconto, campanhas de marketing e muitas outras decisões!


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