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02 novembro 2015
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Decompor o ROI para melhorar a análise financeira de empresas

Na análise financeira de empresas, um indicador determinante, quer do desempenho histórico quer na determinação do valor, é o ROI (Return on Investment), que vimos num artigo anterior. Quando analisamos o ROI, é importante compará-lo com o de empresas do mesmo setor. Interessa-nos, não só saber que empresas têm o ROI mais elevado mas a sua composição. Empresas do mesmo setor têm por vezes modelos de negócios distintos que interessa analisar e compreender em detalhe.

Como vimos anteriormente, o ROI é dado pela fórmula:

roi

Podemos decompor esta fórmula na seguinte:

roi2

A decomposição da fórmula oferece-nos uma visão muito poderosa da análise financeira: diz-nos se a empresa está a conduzir o seu ROI através da sua capacidade de maximizar a rentabilidade (na primeira parte da fórmula) ou da utilização dos seus ativos (na segunda parte da fórmula).

É possível que empresas diferentes encontrem combinações diferentes para a composição do ROI. Algumas serão mais hábeis a gerir as suas margens unitárias, elevando o ROI por essa via, enquanto outras terão uma capacidade de vender mais com menores investimentos em ativos operacionais.

Não há um caminho certo e igual para todas as empresas do mesmo setor. Pelo contrário, tendo em conta que as empresas procuram a diferenciação, seguem muitas vezes modelos de negócio totalmente distintos.

Por exemplo, uma conhecida cadeia de ginásios procura diferenciar-se oferecendo serviços de personal trainer especializados aos seus membros. Para tal, cobra mensalidades mais elevadas do que a média do seu setor, obtendo desta forma margens unitárias elevadas. Por outro lado, uma outra cadeia de ginásios internacional, aposta nos preços baixos, oferecendo pouco mais do que o espaço e máquinas de treino, ao mesmo tempo que praticamente não tem pessoal ao seu serviço (apenas uma pessoa a controlar as entradas dos membros).

É através da decomposição do ROI que podemos avaliar não só o seu resultado total, comparando os resultados de duas ou mais empresas, mas também a sua composição conforme a fórmula acima.

Aliás, é possível ramificar cada membro da fórmula acima ainda mais, tornando o exercício de benchmark muito mais interessante.

O primeiro membro da fórmula (resultados operacionais divididos por vendas), pode ser desdobrado nos diversos itens que compõem os resultados operacionais. Por exemplo, poderíamos subdividi-lo em:

  • Custos com o pessoal / vendas
  • Fornecimentos e serviços externos / vendas (eventualmente, destacando os mais relevantes)
  • Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas / vendas
  • Outros gastos e perdas operacionais / vendas

Quanto ao segundo membro da fórmula, podemos fazer algo semelhante:

  • Vendas / ativos fixos tangíveis
  • Vendas / fundo de maneio

Estes são apenas alguns exemplos do tipo de análise financeira que é possível fazer quando se procura avaliar a competitividade de empresas concorrentes do mesmo setor (quem é mais competitivo e como compete), quando se procura estimar o valor da empresa (para tal é necessário criar-se uma estimativa dos cash flows futuros, que dependem em grande medida do ROI), para se tomar uma decisão de investimento ou financiamento das empresas em análise.

Julgo que este tipo de análise é válida, tendo em conta que a riqueza da informação financeira e estratégica que com ela se obtém justifica o investimento necessário na compreensão de um negócio e na recolha de informação relevante. 


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