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01 junho 2017
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Modelar opções de financiamento: Free cash flow e Indicadores de viabilidade

Para calcularmos os indicadores de viabilidade, teremos de construir uma previsão de fluxos de caixa. Os fluxos de caixa não são o mesmo que lucros, porquanto há custos e proveitos que figuram na demonstração de resultados. Também não são saídas ou entradas efetivas de dinheiro porque existe um desfasamento temporal entre o momento em que são reconhecidos na demonstração de resultados e o momento em que são pagos ou recebidos.

Naturalmente, o investimento inicial ocorre no arranque do projeto. Nesse momento, há uma saída de caixa de grande valor. Porém, como vimos, o custo contabilístico é refletido ao longo da vida útil dos bens sob a forma de depreciações.

Há várias outras situações em que esta diferença, entre lucros e fluxos de caixa, ocorre. Por exemplo:

  • As vendas são registadas na demonstração de resultados quando são faturadas, mas o recebimento dos clientes pode ocorrer mais tarde (ou não ocorrer);
  • O contrário acontece com as compras e os fornecedores;
  • Os juros referentes a um período poderão ser pagos no período seguinte. O mesmo sucede com os impostos, ou parte deles.

Para construir a demonstração de fluxos de caixa previsional começamos pelos resultados operacionais, aos quais adicionamos as depreciações e amortizações. A este valor deduzimos o fluxo de caixa para investimento em ativo fixo e em necessidades de fundo de maneio. Deduzimos ainda os juros e os impostos e chegamos ao cash flow – a base de cálculo dos indicadores de viabilidade.

A este valor, pode ser deduzido ou acrescentado os fluxos de capital: os aumentos ou reduções de capital próprio (e distribuição de lucros) e a contração ou devolução de empréstimos bancários ou de outras fontes de financiamento externas. Embora não sejam relevantes para o cálculo dos indicadores de viabilidade, estes fluxos são importantes para reconciliar o balanço, pois permitem o cálculo do saldo final de fluxo de caixa a cada ano. Esta saldo indica um valor positivo quando a empresa dispõe de excesso de tesouraria, que pode aplicar, ou indica um valor negativo, quando tem de recorrer a financiamento adicional.

Reconciliar o balanço com a demonstração de resultados e a demonstração de fluxos de caixa é uma boa prática de modelação financeira.

Indicadores de viabilidade

O decisor interessa-se por conhecer a viabilidade do projeto em análise. Para o ajudar, os indicadores de viabilidade mais usuais são:

  • o Valor Atualizado Líquido (VAL)
  • a Taxa Interna de Rentabilidade (TIR)
  • o Payback

O Valor Atualizado Líquido já foi analisado em artigos anteriores e já conhecemos a fórmula do Excel que permite efetuar o seu cálculo sem dificuldade (NPV na versão em inglês). Este é o indicador mais comum e continua a ser o preferido da maior parte dos gestores e analistas.

O seu significado é simples: se o valor total dos fluxos de caixa, descontados para o momento atual a uma taxa que reflita o custo médio ponderado do capital for positivo, então o projeto é viável. Se for negativo, é inviável.

A Taxa Interna de Rentabilidade apoia-se no mesmo conceito de desconto de fluxos de caixa futuros para o momento atual, mas coloca a questão de um ângulo diferente: qual a taxa de desconto que conduz a um VAL nulo?

Esta taxa deve ser comparada com a taxa de custo do capital (usada para o cálculo do VAL). Se a TIR for superior à taxa de custo do capital, então o VAL é positivo. Se a TIR for igual ao custo do capital, então o VAL é nulo. Quanto maior o diferencial entre a TIR e o custo do capital, maior será o interesse no projeto.

No Excel, vamos usar a fórmula IRR (TIR em português) para calcular a TIR. A sintaxe da fórmula é muito simples:

=IRR(fluxos_de_caixa; [estimativa])

Em que «fluxos_de_caixa» é toda a série de fluxos de caixa, incluindo o investimento inicial e «estimativa» é uma ajuda que podemos dar ao Excel para efetuar o cálculo.

Como o Excel chega ao resultado por tentativas, o segundo argumento só é relevante em projetos com múltiplas TIR. Se não o preenchermos, o Excel considera a taxa de 10% e parte desse valor para realizar uma série de cálculos iterativos até chegar à solução.

O Payback diz-nos quanto tempo é necessário para recuperar o investimento inicial. Se calcularmos o fluxo de caixa acumulado, quando (em que momento) é que ele se torna positivo? Para efetuar o cálculo, apenas precisamos de uma linha que acumule o fluxo de caixa e de uma fórmula que tome nota do período em que o mesmo passa de negativo a positivo.

Este indicador é também muito usado na prática, pois os investidores gostam de ter uma noção do tempo que é necessário para recuperarem o seu investimento. Quanto mais curto, melhor. No entanto, o Payback sofre de dois problemas:

  1. Ignora a escala do projeto. Um projeto com um investimento inicial de 10.000 euros pode ter um Payback igual ao de um projeto com um investimento inicial de 1 milhão de euros e nada no indicador nos dá este tipo de referência;
  2. Ignora o valor temporal do dinheiro. Ao acumular fluxos de caixa que ocorrem em momentos diferentes no tempo, o Payback está a desprezar o valor temporal do dinheiro, cujo efeito pode ser significativo em ambientes de grande inflação.

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