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09 janeiro 2014
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Outra forma de preparar e analisar fluxos de caixa

A Demonstração dos Fluxos de Caixa também pode ser preparada pelo método indireto. Através deste método, não se recolhem os dados diretamente a partir dos registos de entrada e saída de dinheiro mas a partir da análise da demonstração dos resultados do período em causa e dos balanços do período e do período anterior.

Esta peça contabilística adota o seguinte modelo:

Fluxos de caixa das atividades operacionais

Notas

Datas

 

 

Ano n

Ano n-1

Resultados económicos

     
       

Ajustamentos:

 

 

 

Depreciações e amortizações

     

Imparidades (+/-)

     

Justo valor (+/-)

     

Provisões (+/-)

     

Imposto sobre o rendimento do período

     

Ativos biológicos (+/-)

     

Inventários (+/-)

     

Contas a receber (+/-)

     

Gastos diferidos (+/-)

     

Contas a pagar (+/-)

     

Rendimentos diferidos (+/-)

     

Outros Ativos correntes (+/-)

     

Outros passivos correntes (+/-)

     

Fluxos de caixa das atividades operacionais (1)

 

 

 

       

Fluxos de caixa das atividades de investimento

 

 

 

       

Pagamentos respeitantes a:

 

 

 

Ativos fixos tangíveis

     

Ativos intangíveis

     

Investimentos financeiros

     

Outros Ativos

     
       

Recebimentos provenientes de:

 

 

 

Ativos fixos tangíveis

     

Ativos intangíveis

     

Investimentos financeiros

     

Outros Ativos

     

Juros e rendimentos similares

     

Fluxos de caixa das atividades de investimento (2)

 

 

 

       

Fluxos de caixa das atividades de financiamento

 

 

 

       

Recebimentos provenientes de:

 

 

 

Financiamentos obtidos

     

Realizações de capital e de outros instrumentos de capital próprio

     

Outras operações de financiamento

     
       

Pagamentos respeitantes a:

 

 

 

Financiamentos obtidos

     

Juros e gastos similares

     

Reduções de capital e de outros instrumentos de capital próprio

     

Outras operações de financiamento

     

Fluxos de caixa das atividades de financiamento (3)

 

 

 

       

Variação de caixa e seus equivalentes (1+2+3)

 

 

 

 

 

 

 

Caixa e seus equivalentes no início do período

 

 

 

Caixa e seus equivalentes no fim do período

 

 

 

Como vemos, os fluxos de caixa estão organizados por categorias, tal como no método direto: os fluxos operacionais, de investimento e de financiamento.

No entanto, a diferença em relação ao método direto consiste na utilização somente de demonstrações financeiras para o cálculo dos fluxos de caixa.

Assim, a demonstração dos fluxos de caixa começa pela leitura dos resultados económicos a partir da demonstração dos resultados, aos quais vamos retirar todas as rubricas que constituem gastos sem efetiva saída de dinheiro e rendimentos sem a correspondente entrada de dinheiro.

Seguidamente, procede-se à:

  • Subtração de aumentos de ativos
  • Adição de diminuições de ativos
  • Adição de aumentos de passivos
  • Subtração de diminuições de passivos

Estes aumentos e diminuições calculam-se a partir da diferença dos saldos dos balanços dos períodos N e N-1. Por exemplo, se o saldo de clientes destes períodos for:

  • N: €4.000
  • N-1= €10.000

É fácil concluir que durante o período mais recente (N) houve uma redução do saldo no valor de €6.000, o que significa uma redução da dívida dos clientes. Mantendo tudo o resto constante, podemos assumir que ocorreu um influxo de caixa operacional no valor de €6.000.

Transpondo este raciocínio para as outras classes de ativos e passivos, conseguimos “limpar” dos resultados contabilísticos tudo o que não diz respeito a fluxos de caixa. Mais à frente veremos alguns exercícios mais completos, onde poderemos ver estes aspetos mais detalhadamente.

Por enquanto, fiquemos só com uma análise das rubricas que compõem o fundo de maneio:

 

Ano N

Ano N-1

Clientes

20.000

25.000

Fornecedores

16.000

17.000

Inventários

31.000

36.000

Sabendo que o fundo de maneio (também denominado por working capital) é o conjunto de ativos correntes deduzidos dos passivos correntes operacionais, que fazem parte do dia-a-dia da empresa e que são envolvidos nas políticas de gestão que têm grande impacto na tesouraria das empresas, e que é dado pela expressão:

  • Clientes + Inventários – Fornecedores

Como podemos avaliar o impacto do fundo de maneio nos fluxos de caixa desta empresa?

Comecemos por analisar as variações de cada uma das rubricas do fundo de maneio e o seu total:

 

Δ

Clientes (1)

-5.000

Fornecedores (2)

-1.000

Inventários (3)

-5.000

Fundo de maneio (1-2+3)

-9.000

A empresa desinvestiu €9.000 em fundo de maneio durante o Ano N. Este desinvestimento representa um alívio de tesouraria durante o período, que é explicado pelas diminuições dos saldos de clientes e de inventários. A diminuição do saldo de fornecedores foi por eles largamente compensado.

A leitura simples destes números indica que esta empresa terá feito um esforço maior sobre as cobranças dos clientes, recebendo o dinheiro mais cedo.

Este esforço foi acompanhado por uma diminuição dos inventários, que em vez de estarem parados nas prateleiras ou armazém foram vendidos, gerando assim mais dinheiro. Ou então a empresa melhorou a sua função logística, otimizando as compras e gestão de stocks, sendo o efeito semelhante.

Por outro lado, obteve menos crédito dos seus fornecedores, o saldo diminuiu €1.000 durante o período. Talvez os fornecedores tenham ganho poder negocial ou imposto condições mais rígidas, o que em todo o caso resultou num esforço adicional de tesouraria.


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