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11 fevereiro 2015
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O Stay-in-Business Capex

Reparei recentemente, durante a construção de uma ferramenta de apoio à gestão financeira, num conceito que frequentemente é subestimado aquando do lançamento de novas empresas. Em empresas existentes também é frequente não se pensar muito nele. Mas principalmente no arranque de novos projetos, nem sempre os empreendedores dão a devida importância ao Stay-in-Business (SIB) Capex.

Apesar da designação poder sugerir que se trata de uma noção algo complexa, o SIB Capex é o valor que a empresa tem de investir para se manter em funcionamento. Apenas para se manter em funcionamento.

Temos, neste grupo de despesas de investimento, bens e serviços com a renovação de máquinas de produção, computadores, edifícios, mobiliário, decoração, software, licenças, entre outros.

Assim, em contraste com o Capex de expansão – que se refere ao valor a investir no crescimento da empresa - o SIB Capex é o fluxo de caixa a investir na manutenção e renovação dos equipamentos que asseguram que a empresa continua em funcionamento.

Sem aprofundarmos os aspetos mais técnicos da contabilidade, o SIB Capex está em muitas situações, próximo do Opex. Ou seja, pode, nalguns casos, ser considerado como um custo operacional do ano em que ocorre e não como um valor a investir cujo custo é diluído em função da vida útil dos equipamentos, que pode ser de vários anos. (*)

Mas independentemente da classificação contabilística, porque é que se deve distinguir o SIB Capex?

Em primeiro lugar, porque estruturar as despesas de investimento em SIB e Capex de expansão ajuda a clarificar a forma como chegamos ao free cash flow. E sendo este o indicador usado na avaliação de projetos de investimento em métricas tão fundamentais como o Valor Atualizado Líquido e a Taxa Interna de Rentabilidade, é importante saber não só se ele é positivo ou negativo, mas também se estamos perante um negócio que exige muito ou pouco investimento de manutenção e renovação.

Essa informação é importante para averiguar a viabilidade de um novo projeto a longo prazo como é para avaliar a de uma empresa existente. Porque se o Capex de expansão contém algum grau de discricionariedade, já o mesmo não podemos afirmar do SIB Capex. Ele é essencial para manter a empresa num estado aceitável de competitividade.

Em segundo lugar, porque as políticas de dividendos e de financiamento dependem do free cash flow. Ora, não é assim tão raro algumas empresas, grandes ou pequenas, subestimarem o SIB Capex em função dessas políticas. Isso ajuda a explicar porque:

  • Alguns centros comerciais localizados em zonas nobres das cidades e com grande tráfego pedestre estejam falidos quando outrora foram grandes sucessos;
  • Pequenos negócios, como restaurantes e lavandarias, funcionem bem nos primeiros anos até ao dia em que uma máquina essencial para o desempenho da atividade precisa de ser substituída.

Por estas razões, é essencial considerar o SIB Capex no cálculo do Free Cash Flow, como há muitos anos já o fazem algumas companhias aéreas e empresas do setor petrolífero.

Se tiver curiosidade em conhecer a ferramenta a que me refiro no início do artigo, poderá conhecê-la, clicando aqui.



(*) Já agora esclareço também o significado de Capex e Opex:

  • Capex é a sigla que designa Capital Expenditures. São o investimento em equipamentos que compõem a estrutura da empresa, tais como edifícios, máquinas, licenças, patentes, entre outros. Estes equipamentos têm uma vida útil de vários anos e o seu custo não é reconhecido no momento em que são realizados os investimentos mas em proporção da sua vida útil, através das depreciações e amortizações.
  • Opex significa Operational Expenditures. São os gastos correntes relacionados com a atividade operacional da empresa. São despesas com bens e serviços como combustíveis, vencimentos, publicidade, distribuição, entre outros.

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