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14 março 2016
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3 razões para usar a rentabilidade dos capitais investidos na análise financeira de empresas

A rentabilidade dos capitais investidos é um dos indicadores mais importantes da análise financeira mas que nem sempre é utilizado correta e eficazmente. Essencialmente, este rácio compara um resultado obtido num determinado período com o valor total investido. A informação que resulta dessa comparação permite extrair conclusões importantes sobre a saúde financeira da empresa e do desempenho da gestão. Neste artigo veremos como ultrapassar algumas dificuldades técnicas no cálculo deste indicador e 3 razões práticas para o aplicar na análise financeira de empresas.

Como calcular a rentabilidade dos capitais investidos?

De uma forma genérica, este rácio segue a mesma lógica que todos os outros: compara um numerador – que neste caso é um resultado financeiro – com um denominador – o valor do capital investido.

Relativamente ao numerador, a maior parte dos analistas utiliza o resultado operacional. O resultado operacional tem a vantagem de não ser influenciado pela estrutura de capitais, o que significa que ele apenas contém o desempenho operacional independentemente da estratégia de financiamento adotada pela empresa.

Assim, utilizando o resultado operacional no numerador, evitamos distorções causadas por decisões estritamente financeiras e concentramo-nos apenas naquilo que mais nos interessa: a performance operacional.

Quanto ao denominador, há que ter em conta desde logo que terá de ser consistente com o numerador. Assim, podemos usar o ativo total, extraído diretamente do balanço, ou o ativo económico.

O ativo económico é preferível na maioria das situações porque considera apenas a parte do balanço referente ao ativo fixo acrescido das necessidades de fundo de maneio. Isto significa que consideramos no capital investido fatores operacionais importantes como a rotação de inventários e os prazos médios de recebimento de clientes e pagamento a fornecedores.

Será necessário ter em conta que se o que pretendemos é analisar a parte operacional da empresa que é recorrente, isto é, que exclui efeitos extraordinários ou não afetos à exploração normal da atividade, teremos de excluir quer do numerador quer do denominador os valores de ativos e resultados não afetos à exploração como sejam os ativos não correntes detidos para venda ou as propriedades de investimento.

Ao realizarmos estes ajustamentos estamos a concentrar a análise exclusivamente na parte operacional o que constitui um fator de motivação e responsabilização dos gestores operacionais.

Se o que pretendemos é avaliar a empresa como um todo, então os referidos ajustamentos deixam de ter significado. Na verdade, afetar os ativos não afetos ao ciclo de exploração ganha significado porque contribui para responsabilizar os gestores por todo o capital investido na empresa.

Ativos brutos ou líquidos?

Ainda relativamente ao cálculo do capital investido, devemos considerar os ativos brutos ou líquidos de depreciações e amortizações? Apesar da questão não ser consensual (diversos analistas seguem critérios distintos), somos da opinião que faz sentido considerar ativos brutos.

Porquê ativos brutos? Em primeiro lugar, porque não favorecem o rácio de rentabilidade dos capitais investidos pela simples passagem do tempo, que é, como sabemos, o principal critério de determinação das depreciações e amortizações (e que faria baixar o denominador).

Em segundo lugar, porque se a empresa não investir o suficiente para compensar o desgaste e/ou obsolescência dos seus ativos terá certamente que suportar custos de manutenção crescentes ou sofrer uma perda de produtividade significativa.

Então, que utilidade podemos dar ao rácio de rentabilidade dos capitais investidos?

Utilize este rácio para avaliar a performance dos gestores operacionais

Como vimos anteriormente, se realizados ajustamentos aos valores da contabilidade por forma a refletir no indicador apenas os resultados e ativos recorrentes e que dizem respeito à exploração, a rentabilidade do capital investido é um excelente indicador da performance dos gestores operacionais.

Se a empresa se organizar por centros de investimento, será relativamente fácil calcular o capital investido e resultados de cada um desses centros e avaliar o desempenho dos seus responsáveis.

Da mesma forma, podemos usar a rentabilidade do capital investido em funções de planeamento e controlo de gestão, na elaboração de orçamentos e como objetivo estratégico a atingir.

A rentabilidade dos capitais investidos pode ser usada na avaliação global da empresa

Porque compara os resultados com o capital investido, a rentabilidade dos capitais investidos é um excelente indicador da capacidade da empresa gerar valor. Quando calculado para a empresa como um todo, este indicador traduz a eficiência da gestão global na transformação de recursos humanos, materiais e financeiros em resultados.

Se superior ao custo do capital investido, a rentabilidade do capital investido indica que a empresa tem a capacidade de gerar valor para os seus proprietários e credores a longo prazo.

Este é um rácio que facilita a comparação entre empresas do mesmo setor

Uma vez que do rácio resulta um valor percentual, é relativamente fácil fazerem-se comparações entre empresas. Será necessário ter em conta, no entanto, que as empresas devem ser à partida comparáveis do ponto de vista do setor em que se inserem, na sua dimensão e critérios contabilísticos.


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