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27 julho 2017
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A elaboração de projeções financeiras

Prever a procura é com certeza o ponto mais importante da construção de modelos financeiros. Porquê? Porque todo o modelo depende desta previsão.

Senão vejamos: da previsão da procura depende diretamente a previsão de vendas e a faturação. Por sua vez, todos os custos variáveis serão diretamente afetados pelo nível de procura, o que influencia diretamente a previsão de fluxos de caixa – o elemento que servirá de base ao cálculo de indicadores de viabilidade. Por outro lado, quanto maior for a procura, mais terá de se investir em equipamentos, instalações, tecnologias e em pessoal.

Creio que a relação entre o nível esperado de procura e todas as restantes partes do modelo são óbvias e não carecem de explicações adicionais, mas não é excessivo referir que especial atenção deve ser dada a esta tarefa.

Custos operacionais

Os custos operacionais devem ser decompostos em dois tipos:

  • Custos variáveis – que dependem diretamente do nível de atividade;
  • Custos fixos – que tendem a manter-se inalterados mesmo quando as vendas ou a produção se alteram.

Há muita informação disponível na literatura financeira sobre esta matéria e não me adiantarei muito sobre este assunto, mas essencialmente os custos variáveis vão ter uma relação direta com a previsão de vendas e faturação, enquanto os custos fixos são os que dependem da estrutura ou da organização.

Os custos com as mercadorias vendidas, de distribuição, consumíveis e custos comerciais, por exemplo, são tipicamente custos variáveis. Por outro lado, os salários, as rendas e os seguros são custos fixos.

Em rigor, todos os custos são variáveis porque mesmo os custos de estrutura variam quando há alterações muito significativas na atividade da empresa. Se a empresa crescer ao ponto de precisar de aumentar a sua estrutura organizacional, os seus custos com pessoal, aluguer de espaço, eletricidade, etc. irão aumentar abruptamente. Por isto, os custos variáveis, quando analisados graficamente, tendem a adotar uma curva de declive constante, enquanto os custos fixos evoluem em escada:

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Para o criador do modelo financeiro, distinguir os dois tipos de custos é obrigatório. Como também é, compreender o indutor de cada item de custo. O modelo será construído com fórmulas que dependem do nível de atividade do indutor operacional e geralmente é mais fácil prever em termos operacionais primeiro e só posteriormente converter a previsão em valores monetários.

Por exemplo, é mais fácil estimar quantidades vendidas, medidas em caixas, metros ou litros, do que construir diretamente uma previsão em valores monetários. O mesmo acontece com os custos fixos: se for possível estimar quantas pessoas vão trabalhar em cada área da empresa e quais serão os seus níveis salariais e encargos sociais, será mais fácil fazer uma previsão dos custos com o pessoal.

Investimento em ativo fixo e investimento em fundo de maneio

O investimento em ativo fixo é aquele a que comummente associamos à palavra «investimento». Nesta categoria de investimento, incluímos todos os bens que, em princípio, se destinam a ser afetos à atividade da empresa e dos quais se espera uma longa vida útil. Os investimentos em máquinas, edifícios e material informático, por exemplo, são investimentos em ativo fixo.

Uma vez que a vida útil deste tipo de bens é longa, as regras contabilísticas requerem que o seu custo seja calculado proporcionalmente. Assim, se um automóvel tiver uma vida útil de 5 anos, vamos reconhecer um quinto do custo do automóvel em cada um dos 5 anos, em vez de o reconhecermos na totalidade e no momento da sua aquisição.

Este é o conceito de depreciações e é importante porque, regra geral, as depreciações são um custo aceite fiscalmente e, como tal, contribuem para reduzir a carga fiscal. Ora, como temos interesse em conhecer o fluxo de caixa, temos de calcular as depreciações, mesmo que não representem um valor a pagar.

O cálculo das depreciações pode seguir os critérios fiscais ou, ainda melhor, o critério económico que reflita o efeito do “desgaste” físico ou económico dos bens.

Este cálculo pode ser complexo quando o investimento em ativo fixo é elevado, como acontece por exemplo, na construção de uma nova fábrica ou ponte. Nesses casos, o analista poderá ter interesse em criar grupos de bens organizados por categoria.

O investimento em fundo de maneio não é entendido como um investimento pelos menos experientes em modelação financeira. Fundo de maneio é aquele conjunto de bens e direitos que a empresa necessita para desempenhar as suas operações.

Os inventários, que uma empresa industrial ou comercial integra no seu ciclo de exploração, fazem parte do fundo de maneio. Antes mesmo da empresa começar a funcionar, ela terá de investir algum dinheiro no inventário inicial para que tenha alguma coisa para vender ou produzir!

O crédito concedido a clientes é outro item importante do investimento em fundo de maneio. Quando a empresa permite que os clientes paguem num momento do tempo tardio, em relação ao momento da venda, ela está a criar um ativo financeiro: o direito a receber dos seus clientes.

Algo parecido acontece quando a empresa negoceia com os seus fornecedores condições de pagamento a 30, 60 ou 90 dias. Mas, nestes casos, a empresa está a efetuar um investimento em fundo de maneio negativo. Está a financiar-se junto dos seus fornecedores, como se eles fossem um banco.

Estes três itens: inventários, contas a receber de clientes e contas a pagar a fornecedores, em conjunto, são o fundo de maneio da maior parte das empresas.

Há, naturalmente, empresas que não necessitam de inventários para funcionar (empresas de serviços), que não concedem créditos a clientes (supermercados, restaurantes) e não requerem crédito junto dos seus fornecedores.

Também é possível que o caixa operacional, isto é, o dinheiro depositado em contas à ordem ou em caixa, que é necessário para as operações da empresa funcionarem normalmente, seja considerado um elemento do fundo de maneio.

Para o analista, ou construtor de modelos financeiros, é essencial compreender as operações da empresa para compreender o que é o fundo de maneio e, mais importante do que isso, como se relaciona com o resto do modelo.

Por uma questão de lógica operacional, prefiro modelar o investimento em fundo de maneio em dias. Por exemplo, sabendo qual é o número médio de dias de inventário, será mais fácil quantificar o valor do investimento em inventários, porque este indicador depende da atividade da empresa e se o volume de negócios aumentar, o investimento em inventários terá de acompanhar esse aumento (e consequentemente será necessário um esforço de tesouraria para adquirir os inventários).

O mesmo acontece com os prazos médios de recebimento de clientes e de pagamento a fornecedores. Se sabemos quanto tempo, em média, demora a receber dos clientes e a pagar aos fornecedores, saberemos estimar quais os valores do investimento em fundo de maneio.

Criar uma tabela com estes indicadores de eficiência operacional para o período de previsão explícito ajuda a verificar a sanidade do modelo. Os valores devem estar dentro de intervalos que nos pareçam normais.


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